
Eram belas suas fantasias, de magia a trapézio, seus pés descalços eram o que sustentavam suas ilusões, e seus olhos, os refletores do seu espetáculo, formado por arcos que contornavam doces as curvas da bailarina.
O Palhaço era a magia vestida de felicidade e as pipocas faziam canção de seus estouros, compondo em notas suaves o seu mundo tão sublime.
O coelho vindo da cartola trazia consigo estrelas tão brilhantes quanto aos olhos dela, Enquanto o corcel seu companheiro galopava entre fogos, a emoção comprimia seus olhos e tudo ficava mais nítido visto entre lágrimas.
Aquele era seu mundo, aquela era sua dor e sua imensa alegria, e ela era frágil, pequena, pensava não compor o cenário grandioso diante a sua insignificância, sem saber ser a protagonista de sua própria criação.
E com o tempo ela viu seu sorriso se desfazendo. A Bailarina acenava...
O palhaço agora apaixonado saia de cena despido de sua felicidade, o coelho trouxe inverno e as cores foram embora, o circo partiu. E ao acordar ela percebeu que era uma mulher no mundo real e que tudo fora apenas um sonho de criança.
Cezar
Imagem: Valmir Santos